segunda-feira, 23 de maio de 2011

PERDIDOS E COM OS CROMADOS RISCADOS


Pois é! Meus amigos ainda contínuo de baixa, o úmero leva mesmo tempo a curar, pelo menos mais 15 dias para sarar completamente e bem... Suponho eu... A ver vamos!?

Este domingo que passou continuou a preparação dos CicloBeatos com vista a uma boa performance na Via Algarviana, e voltamos a contar com a companhia do Simão, que ao que parece está esquecido das "tareias" que dava ao pessoal no início... Incluindo entrada em caminhos de quase impossível acesso em que se tinha de andar de "bicla" nos costados... Enfim!... Têm andado fora destas lides e está um pouco enferrujado... Mas nada que com continuação não volte ao normal... Até porque ele é um dos rijos, e que gosta sempre de uma boa aventura...

Mas vamos ao que interessa, a aventura de ontem relatada pelo nosso amigo Mário Jesus, cá vai:
A íngreme subida das Pedreiras (Sul)

"Ao contrário de outros Domingos, hoje não tinha percurso traçado mas tinha a ideia de fazer um caminho que passa pela Herdade da Murteira, nos Picheleiros e de rumar a Sesimbra pela serra do Risco para acertar umas contas com esta subida que está na foto em cima (Pedreiras de Sesimbra "Sul"), se por acaso estranharam o título da crónica mais á frente explico o significado de “cromados riscados”, compareceram á chamada na hora do costume e no sítio do costume, o Flávio, o Hipólito, o Simão e eu, cumpridos os quinze (15) minutos de tolerância arrancámos direitos ao centro da vila, para virar á esquerda pela Rua Helena Conceição Santos Silva e subirmos ao Alto da Madalena em jeito de aquecimento.

Descemos direitos ao parque de campismo dos Picheleiros, passamos por aquele sinais de trânsito estranhos, e ao chegar ao alcatrão virámos á esquerda seguindo até á fonte de São Caetano, onde voltámos á direita para fazer a subida do Pinheiro da Velha.
Alto da Madalena e a sinalética necessária devido ao desmoronamento de terras adjacentes à estrada




Para quem não sabe o Pinheiro da Velha já não existe conforme podem ver pela foto em baixo, mas era um pinheiro manso portentoso, que até têm uma lenda.

O local onde outrora esteve o pinheiro da velha


Lenda
do

Pinheiro da Velha

Nos últimos decénios do século passado a nossa região - e muitas outras - passou por um período de provações, havendo vastas camadas da população que subsistia com bastante dificuldade, havendo mesmo alguns focos de pobreza extrema, atingindo com mais incidência as crianças e os velhos.

A nossa lenda desenvolve-se neste cenário trágico:

 - Conta-se que uma velhota, moradora nos Picheleiros, pela força das circunstâncias, apesar de doente, foi obrigada a mendigar para seu sustento, tendo ido nessa provação para os lados de São Caetano, mais propriamente para o “Casal dos Candinhos”.

A determinado momento, já debilitada pela jornada, sentou-se à sombra de um frondoso pinheiro, adormecendo profundamente...

Entretanto a noite caiu, e a velhota não se apercebeu da aproximação de uma matilha de lobos que dela se aproximou, atacando-a mortalmente. Deste ataque feroz, segundo a lenda, só restou os tamancos da vítima...

A partir deste infausto acontecimento, o pinheiro onde se tinha dado a tragédia e o próprio local ficou a ser conhecido por “O Pinheiro da Velha”...

Dado seu porte, a sua situação geográfica e à lenda, o “Pinheiro da Velha” foi ganhando um certo “culto”, tornando-se emblemático na flora da região, ganhando estima e admiração ao ponto de merecer homenagem aquando da sua “morte”...

Desta homenagem deu-nos conta o Padre Manuel Frango de Sousa, em “Azeitão A Nossa Terra”:

 “ (...) Eram 16 horas do dia 26.9.87.

Depois da concentração junto à Fonte de São Caetano, começámos a subir a encosta.

Foi um minuto de silêncio; foram poesias do Alcindo, da Idalete, do José Augusto, e do Carlos Alberto . Foi um discurso do padre Manuel; Foi um minuto de silêncio. Éramos umas quarenta pessoas.

O Pinheiro da Velha está morto.

 Viva o Pinheiro da Velha!“


(transcrito de Lendas de Azeitão e Arrábida)

Finda a subida seguimos pelo trilho do Chico das saias onde ainda temos água, apesar de não chover nos últimos dias. No final desta subida o Simão, lá ia dizendo que tinha de rolar noutros terrenos, mas nós temos um objectivo que se chama Via Algarviana e que apesar de ser um PASSEIO só o disfrutamos como tal, se formos bem preparados.


Ao chegar ao sítio onde vivia o Chico das Saias, podemos constatar que o lixo se acumula, portanto as autoridades competentes continuam a olhar para o lado, e a assobiar como se nada fosse.
Abram bem os olhos! Responsáveis pelo Parque Natural da Arrábida

Seguimos na direcção dos Casais da Serra, onde o Simão rumou direito a casa conforme tinha decidido, apesar de lhe termos dito que faríamos menos subidas para o convencer a continuar com o grupo, posto este emagrecimento do grupo seguimos direitos ao alto da serra onde virámos á direita para as terras do Risco. Aqui a primeira foto de grupo, sem reclamações pois desta feita levei a "Sony" para fotografar.


Pelas terras do risco sempre a rolar e eis quando os Ciclobeatos encontram as suas musas inspiradoras… Ah pois é!!! De uma outra vez passaram por nós em sentido contrário e a correr, desta vez iam simplesmente a caminhar, simpáticas, cumprimentaram e desejaram bom dia, aos Ciclobeatos, ainda paramos para tentar uma foto de grupo, pensamos melhor e com receio da sua reacção e respeito pela sua meditação, continuamos... Ainda assim tirei uma foto á socapa…
Desta vez captamos em foto... Não foi mesmo, a nossa imaginação a trair-nos

Pelas terras do Risco afora e com quase todos os caminhos memorizados, porque isto do GPS do Nokia não é a mesma coisa do Garmin Oregon em termos de caminhos pela serra, o primeiro engano do dia com direito a “cromados riscados”, a definição nova no dicionário CicloBeático deve-se ao facto do arbusto que abunda na serra da Arrábida conhecido por carrasco ou Quercus coccifera teimar em fechar os trilhos e arranhar quem lá passa, ficando a malta com os cromados todos riscados!!!

O carrasco ou pinheiro-carrasco (Quercus coccifera)

Sem o G(ualter) P(ereira) S(ilva) em vez de voltar á esquerda para as pedreiras sul e respectiva subida, seguimos em frente e fomos dar ao portão da Sobrisul, tivemos que voltar atrás e quando parecia ter engatilhado no trilho certo, ”vamos por aqui é á confiança”, eis que temos o primeiro contacto com o carrasco, volta atrás novamente e agora sim, no estradão certo para subir a pedreira, por aquela rampa da foto inicial e nova paragem para foto de grupo e ingestão de barritas.



Na varanda privativa dos CicloBeatos ainda ponderámos em seguir por um caminho pela falésia até á estrada do facho de Santana, caminho esse que eu tinha percorrido, no dia anterior a pé num trekking feito com amigos especialistas na modalidade, o Flávio e o Hipólito já com os cromados riscados negaram-se, mal sabiam eles o que estava para vir…

Bem lá seguimos pelo caminho que conhecíamos direitos á estrada do facho, com um single-track muito bom e a descer e com o Flávio a equilibrar-se já que o buraco da pedreira fica assim mesmo perto, logo ali á direita. 



Aqui chegados olhámos para a encosta a oeste de Sesimbra e lá estava a bela subida que vai desde o porto de abrigo até às pedreiras do Zambujal. Aqui começa mais um dos enganos com direito a mais cromados riscados. Porque somos CicloBeatos e temos uma certa alergia ao alcatrão, decidi explorar um novo caminho até á vila de Sesimbra.
De facto existe caminho até à vila... mas muito mais estreito e inclinado só para pedestres (nota do editor)

Cruzámos o alcatrão e seguimos por um trilho que apesar de estar com indícios de ser utilizado, se revelou impossível para fazer de bicicleta, onde o bom senso teve de imperar e voltamos para trás, passando duas vezes pelas colmeias, desta feita sem ataques como os da Serra de São Luís, este é um trilho a ver com o GPS, porque ficámos na dúvida se no fundo do vale têm ou não caminho para Sesimbra. Mais uma vez e porque não queríamos seguir pelo alcatrão viramos num estradão que se revelou sem saída, de volta ao alcatrão, virámos á esquerda direitos á rotunda de Santana, depois á direita para a aldeia das Pedreiras e de seguida pelo estradão de Calhariz.

Pouco rolamos no estradão de Calhariz no sentido dos Casais da Serra, para viramos direitos ao portão da Quinta de Calhariz junto á EN 379.Aqui podemos constatar que o portão em frente da Herdade da Apostiça está fechado, provavelmente devido aos abusos do pessoal que não respeita a propriedade privada.

Depois de entrar na EN 379 no sentido de Azeitão fizemos alguns metros para virar á esquerda no estradão que vai até á Quinta do Conde, este estradão apesar de ter aspecto de estar arranjado têm uns areais grandes pelo que sugeri para seguimos pela direita para o Alto das Vinhas, depois de passarmos pela urbanização com o mesmo nome, seguimos por um caminho muito agradável, onde os fetos imperam, fazendo um mar verde á nossa volta, e como não há duas sem três, mais um engano desta vez sem voltar para trás, mas com umas penosa travessia de um areal!




Selva em pleno Alto das Vinhas

Com o patrocínio do Hipólito que apesar de eu dizer que o caminho era por ali, deveria estar fechado, ele quis continuar pelo que parecia melhor, conseguimos fugir á areia circulando por fora da estrada mas a certo momento até assim se revelava difícil, passado o deserto e chegados a uma cancela junto á quinta do Peru, cortámos á direita para os Canais, e daí até Vila Nogueira de Azeitão pelas aldeias de Aldeia de Irmão e Oleiros.
Antes de lá chegar recordei ao CicloBeatos a génese do grupo “CicloBeatos - Grupo ou quase grupo de indivíduos com os mesmos interesses, associação de pessoas que se encontram num ponto de encontro e finalizam o passeio de BTT com um brinde saudando todos os prazeres da vida.” E finalizámos com o referido brinde."

À nossa... e à vossa!!!

Como puderam reparar a rapaziada anda, um bocado perdida, ultimamente, talvez pela falta do seu navegador habitual... Orientação rapaziada, o que vós falta é orientação... E nunca se esqueçam os pontos cardeais são apenas, e só quatro... Depois é só achar o norte e rumar a casa sãos e salvos.

:-) NOTA DO EDITOR

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