quinta-feira, 30 de junho de 2011

CICLOBEATOS NA VIA ALGARVIANA 2011 DIA TRÊS

Dia 3

Sábado dia 11 de Junho de 2011


SECTOR 9


SÃO BARTOLOMEU DE MESSINES - SILVES


27,64 km


Subida acumulada: 560 metros


Descida acumulada: 676 metros


PASSEIO NO ARADE


Adivinhem a que horas nos levantamos neste dia... Pois foi! Foi mesmo novamente pelas 5.00, nisto de levantar cedo os CicloBeatos são exemplares, e assim que toca o despertar todos se levantam sem ser necessário chamar, arrumamos o alojamento, carregamos a carrinha e preparamo-nos para o que seria o início do dia com mais altimetria, desta nossa aventura, ou se lhe quiserem chamar, o dia das etapas de montanha.

O Nuno a guardar-se para a etapa rainha (Silves-Monchique) da nossa aventura achou por bem, ficar no apoio este sector, o António destemido estava a preparar-se para ir neste sector, mas eu achei melhor que não fosse, e avisei-o de que este, ia ser muito duro ao que o António aceitou, mas não se convenceu... Estava previsto um sector com cerca de 928 mt de altimetria (que não se veio a confirmar), como tal achei melhor prevenir o António, que este dia não era para ele, voltei a errar, acho que este sector ele tinha realizado, descansando o próximo, desculpa António, foi a pensar na tua integridade física, e no objectivo do grupo.

Preparar o GPS à saída do nosso alojamento em S.B. de Messines

Alguns já aqueciam na avenida em frente ao local da estadia

Saímos de São Bartolomeu de Messines, pelas 6.31 horas, da avenida João de Deus, e só quase no final da rua do furadouro, avistamos os primeiros sinais da GR 13, aqui em Messines, ultrapassamos a linha férrea, ainda andamos um pouco em asfalto, até que na povoação de Pedreiras, avistamos lá bem em baixo a albufeira do Arade, começamos a descer e muito até às margens deste rio algarvio que nasce de onde nós viemos, na serra do Caldeirão e desagua em Portimão.

Durante vários quilómetros pedalamos junto à margem sul do Arade, sempre à espera que se nós depara-se uma parede enorme para subir, não aconteceu, pois a subida perto da barragem do Funcho foi gradual e levou-nos até a um local que serve de miradouro sobre as serras e albufeira do rio, e onde podemos constatar que para colocar os postes de alta tensão na zona certamente houve muito trabalho, primeiro de criar bases para os gigantescos postes e depois para ergue-los e passar os cabos.

A primeira vez que avistamos o rio Arade



Pedalar com o Arade por companhia


A albufeira do Arade







Ele há cada trabalho!...


Na barragem do Funcho, por sinal no dia de hoje bastante ventosa e sombria, tiramos a foto de grupo perante esta monumental obra do Homem, em plena natureza, que em alguns destes locais se apresenta de forma quase virgem, desta feita na margem norte continuamos a pedalar até que para não variar começamos a subir, a subir, a subir, e fizemos uma rampa que parecia não ter fim, e cá estava a altimetria que tínhamos de cumprir, pois até aqui não tinha sido nada de especial, posso mesmo afirmar que nesta subida, subimos praticamente toda a altimetria deste sector (mas nós estávamos à espera de muito mais), chegados ao alto e após vários furos no "No Tubes" do Tiago, e que foram sempre solucionados da mesma forma, dedos no furo, paciência e já está!

Barragem do Funcho





A subida do sector vista do inicio






Quando acabamos de subir era este o cenário... a subida que fizemos é aquela lá em baixo.

No alto dos montes telefonamos aos homens do apoio, para irem comprar pilhas para o GPS, pois as que pus a carregar só carregaram metade, depois e sempre a descer por muitos quilómetros, quase sempre em velocidades muito rápidas e por meio dos eucaliptais, mas sempre à espera de nós aparecer outro monte para transpor, pois estávamos à espera de 923 metros, de acumulado de subidas e só tínhamos realizado até ao momento, 500 e tal metros, começamos a achar estranho, os quilómetros para o fim do sector iam-se esgotando, e nada de subidas, depois avistamos uma verdadeira parede que deveria ter uns 30% de inclinação e pensamos... É agora! O Flávio destemido (solta o javali!...) fez-se logo à subida mas o GPS indicava um caminho à esquerda da parede, por um single-track algo tapado pelos arbustos, e que contornava este imponente obstáculo, resmungando (estava mesmo moralizado para subir...), voltou para trás e fez-se ao caminho, passamos depois, perto da povoação de Enxerim, e foi a vez, que estivemos mais perto da localidade de Silves, atravessamos um afluente do Arade, já com a visão da carrinha e dos nossos colegas, no horizonte, e acabamos o sector 9, no início da estrada, Silves-Sapeira, e a altimetria ficou aquém do previsto em cerca de 400 metros.


Brincando no single-track


Vale de Enxerim


O apoio na estrada da Sapeira

Um dos fotógrafos do evento em plena exercício de funções

Eram 9.30 horas, estava feito mais um sector da Via Algarviana, entre São Bartolomeu de Messines e Silves (Enxerim), com o tempo total de 2.58 horas, e a uma média de 9,3 km/h, a pedalar foi realizado em 2.33 horas, e à média de 10,8 km/h.




SECTOR 10


SILVES - MONCHIQUE




30,18 km


Subida acumulada: 1.177 metros


Descida acumulada: 783 metros


KARUNA


"Karuna'" é uma palavra sânscrita muito usada no hinduísmo e no budismo. Significa, em sentido lato, compaixão, e, num sentido mais abrangente, "acção compassiva", tendo em conta toda e qualquer acção realizada no sentido de amenizar o sofrimento dos outros seres. Assim, na medida em que ajudamos os outros e facilitamos o seu processo de cura e transformação, todos nos beneficiamos, em virtude da unicidade de todos os seres.

Nada mais se ajusta ao que nos aconteceu neste sector, do que esta escrito em cima, mais à frente irão certamente entender o porque do titulo, e também desta nota introdutória, no abastecimento em Silves, fizemos a maior pausa desde o inicio do evento, precisamente 29 minutos, que nos serviu para recarregar a alma com toda a energia pois sabíamos que íamos necessitar, e muito, o António ficou com o Zé António e foram ambos às compras na praça em Silves, compraram pão, legumes e sardinhas para o jantar, que seria em Marmelete, mas esperem... Eu estou a ir depressa demais e este sector foi o mais lento de todos, as subidas eram muitas e muito inclinadas, em certas partes muito mais de 20% de inclinação, e em "off-road", também, perdemos muito tempo pois ficamos sem abastecimento, perto dos 250 metros de altitude e tínhamos de subir, só mais 630 metros para a Picota... Mas isso irei explicar daqui a mais algumas palavras.
A cidade de Silves

Mal saímos do conforto do abastecimento começamos logo a subir e ainda por um asseiro quase impossível de subir sentado na bicicleta, extremamente carregado de pedras, e bastantes soltas e com certeza com mais de 20% de inclinação, estava dado o mote para o que nós ia acontecer nos primeiros 10km do sector, deparamos com um verdadeiro carrossel de "sobe e desce" e sempre com paredes muito inclinadas, todo o que a nossa vista podia alcançar eram montes como estes que já tínhamos ultrapassado, mas para nosso azar, estavam à nossa frente e no nosso caminho, dali dava perfeitamente para avistar um dos nossos destinos da etapa, a Picota, no alto da majestosa serra, que ainda estava bastante longe para nós.
Inicio de mais uma subida bastante inclinada


O que ficou para trás

E o que faltava subir...

Daqui nem se avistava o inicio... tal é a inclinação



O visual pararelo à EM 502 Silves-Sapeira


Lá ao fundo a cidade de Portimão

Nós viemos lá do fundo

Andamos quase sempre paralelamente à famosa (para os ciclistas de estrada) EM502 Silves-Sapeira, pode-se dizer que apanhamos quase todo o tipo de subidas, até que chegamos a um dos pontos onde pensei melhor cruzar o caminho da carrinha com o nosso, pois já estava a prever que esta etapa seria um inferno, e num alto, perto da barragem de Odelouca, encontramos os nossos amigos, o abastecimento foi rápido, e consistiu praticamente em encher os bidões e continuar, chegamos às 11:44 e saímos às 11:45.
Os bonitos visuais do interior algarvio







Subir, subir e subir bem, foi a tónica do dia





Uma das poucas fotos do Mário sem pose... por isso tenho de publicar!

Fotografo em trabalho

Mais um monte vencido


Chegada do grupo ao abastecimento extra rápido





A partir daqui foi sempre a descer em alta velocidade, até à Foz do Barreiro, o Zé António acompanhou-nos a trás com a carrinha e o António na bicicleta também a descer pois claro, passamos o que seria há uns anos um rio com algum caudal, a nova barragem de Odelouca a norte ajudou a reter o precioso liquido, alguns metros depois de termos andado um pouco em asfalto, entramos de novo em aceiros e a subir, o Tiago e o António deixaram de nos acompanhar e foram pela estrada a pedalar com a carrinha, entretanto nós os seis ficamos a cargo com mais uma subida de vários quilómetros feita num asseiro recentemente passado pelas máquinas, e que dificultava e de que maneira a nossa progressão, já para não falar do intenso calor que se começava a sentir, depois mais um pouco no alto dos montes apenas para tomarmos consciência que ainda tínhamos de ultrapassar a serra de Monchique, enorme e cada vez mais próxima à nossa frente, serramos os dentes e mais uma subida dura, num vale bem apertado e fechado que fazia com que a temperatura alta daquele dia se concentra-se ainda mais naquelas zonas, e foi nestas condições que subimos até aos 250 metros de altitude e chegamos ao ponto onde supostamente estaria o tão aguardado apoio... Pois já não tínhamos quase nenhuma água nos bidões.
Perto da Foz do Barreiro

Ribeira de Odelouca

Ponte sobre a ribeira






O grupo perto da Foz do Barreiro...

Num dos poucos momentos feitos em asfalto






Entrada para mais uma subida, esta foi um aceiro recém passado pelas máquinas





Chegamos a este ponto de encontro com a carrinha eram 13.11 horas, achei estranho a carrinha não se encontrar no local, telefonamos, e recebemos a resposta de que não conseguiam dar com o local, Tinha marcado as coordenadas do local no GPS, acontece que o mapa do GPS não tinha actualizações de certas estradas mais perto, e mandava-os dar uma volta de 6 km para ir ter ao local, chegavam ao local para onde o GPS os mandava e voltava a indicar o local de onde tinham vindo, ou seja o GPS não conhecia as estradas onde andávamos e mandava-os para os locais com estrada mais perto de onde estávamos, mas como as estradas eram muitas, eles não deram com o local.
A vista da serra de Monchique (Picota)








Eu o Viegas e o Mário, resolvemos avançar sem água, pois já estávamos naquele local há cerca de 30 minutos parados, o Hipólito, o Flávio e o Nuno cerca de 100 metros mais a cima aguardavam por noticias e por nós, e assim ficou resolvido mandamos os homens do apoio para Monchique, e entregamo-nos a sorte de continuar sem água serra acima, na esperança de ao encontrarmos uma casa irmos pedir água aos proprietários, Um pouco zangados, e desanimados com o nosso destino nesta quente tarde, em que o sol nesta vertente da serra não dava tréguas, até porque as sombras eram poucas ou mesmo nenhumas, valeu-nos o solo já ser em asfalto, mas para compensar eram subidas na ordem do 20% ou mais, até que perto dos 400 metros de altitude avistamos algumas casas, e dirigimo-nos a umas pessoas que andavam nas imediações de uma delas, pedindo água pois estávamos a ficar sedentos desse maravilhoso liquido.
Sim de facto é asfalto... mas muito inclinado...

Em alguns locais cerca de 20% ou mais...

Indicaram-nos por onde devíamos entrar e um homem aproximou-se de nós, disse-nos que ali era um centro de meditação e que de momento estava a haver um retiro de silencio e meditação no local ao que nos pediu silencio absoluto e solicitou-nos para o acompanhar até uma fonte natural existente neste local, cumprimos as normas do local à recta e deslocamo-nos à fonte, onde posso dizer que bebi a melhor água da minha vida, penso que o sentimento foi unânime, ainda trocamos algumas palavras com o nosso anfitrião, despedimo-nos e depois seguimos o nosso caminho, sem dúvida naquele local existe mesmo "Karuna".




Penso que a partir daqui tudo o que de menos bom nos acontecesse seria relativizado para um plano inferior, continuamos a penosa subida à picota, ainda por asfalto e com inclinações acentuadíssimas, mas acho que os nossos espíritos estavam em uníssono para conseguirmos o objectivo do sector, voltamos aos single-tracks cheios de pedra e difíceis de transpor, e agora com mais vegetação, a fazer-nos sombra, mas isto só pelos 720 metros de altitude, depois pedras e mais pedras, voltamos a descer um pouco, para novamente em asfalto voltarmos a subir mais dos 700 mt aos 740 mt e que foi onde acabou a estrada, à nossa frente encontrava-se um monte com cerca de 10 metros de altura em rochas bem sólidas, e que a mim se não fossem os meus amigos me custaria a fazer pois teria de transportar a bicicleta à mão, mas num grande gesto de solidariedade todos se ajudaram uns aos outros e esta subida ao posto de vigia e marco geodésico da Picota custou muito menos, a vista deste local e com o céu limpo é qualquer coisa de extraordinário, pode-se avistar o Algarve de ponta a ponta, e penso que até se vê a serra de Grândola (e não estou a exagerar), "ainda por cima" não soprava nenhum vento, foi sem dúvida um momento perfeito, que se calhar nenhum de nós irá repetir em vida.
Aqui estavamos a cerca de 500 metros de altitude



Mas ainda subimos muito mais
Aqui já perto dos 700 mt
Em alguns sitios só em Pé Bt, devido ao solo cheio de pedras

Um pouco de descanso no meio dos eucaliptos


A partir deste local só mesmo em Pé BT



Este é o tipo de solo à volta do marco geodésico


Lá ao fundo, Monchique e a Fóia

O posto de vigia da Picota




O céu é o limite...

O grupo e o seu feito a 750 metros de altitude

Subimos... Agora tínhamos de descer! A descida também não foi fácil, e com as bicicletas a tornar esta tarefa mais complicada, até encontrarmos as marcas da GR, foi complicado, mas a partir de encontradas, descemos com alguma facilidade, para darmos entrada no que para mim foi um martírio, um single-track, rápido e com bastantes pedras, e eu com receio de me voltar a lesionar optei por fazer grande parte a pé, para os outros também não foi fácil e praticamente chegamos ao asfalto juntos, a partir daqui foi sempre a descer e eu sem travão traseiro, pois as pastilhas foram à vida, entramos em Monchique a descer e encontramos a carrinha muito antes do local estabelecido, o local marcado era muito apertado para a carrinha e resolveram vir ao nosso encontro num dos pontos extra que marquei.
Início da descida


O mais técnico a inventar...


Achados o simbolos da GR, foi uma beleza


Além de que naquele sitio já tinham ido às compras ao Rei da Fruta de Monchique, e também foram à água desta vez a "borliú" pois o Rei das Frutas indicou-lhes uma fonte onde podia abastecer os garrafões vazios.
O Rei da fruta de Monchique

Também nos contaram que andaram a brincar na serra com um ciclista estrangeiro, que ia a pedalar calmamente e a subir com uma certa inclinação, de repente passa-lhe o António em alta velocidade e a subir... O homem ficou atónito... Ele ia naquele esforço a subir e passa um ciclista a alta velocidade por ele, pararam mais à frente e o pobre homem passou por eles e fez-lhes uma grande festa com direito a palmas e tudo... Marotos! Vou agora explicar o truque, o homem ia a pedalar à frente e o António vinha agarrado à carrinha, alguns metros antes do homem, largou-se e passou por ele na "broa", faço ideia a cara do homem... Grandes patifes! E ainda receberam as palmas sem se desmascararem.
Foi mais ou menos isto que aconteceu... imaginem a cara do "Cámone"

Bem mas vamos às estatísticas, que neste momento pouco interessavam, pois ainda estávamos todos em estado ZEN.

Eram cerca de 16.05, quando chegamos junto da carrinha, acabando a dita etapa rainha da Via Algarviana, percorrendo este sector 10, em 6.06 horas, à média de 4,9 km/hora, sendo que em tempo real a pedalar foram 4.01 horas, numa média de 7,5 km/hora, se não tivéssemos tido tantos contratempos com certeza teríamos uma média melhor... Mas desculpem lá... Que se lixe a média melhor... Se não tivessem existido estes episódios de vida, não tinha tido o mesmo sabor, nem sequer tinha sido divertido, e ainda assim saímos daqui com uma lição de vida, a KARUNA.




SECTOR 11


MONCHIQUE - MARMELETE




16,85 km


Subida acumulada: 563 metros


Descida acumulada: 586 metros


NOS AÇORES


Neste sector, eu, o Nuno e o Flávio resolvemos dar por finalizado, o nosso esforço do dia, a etapa rainha foi terrivelmente desgastante para nós, fizemos acumulados de subida nunca feitos e ainda mais em apenas, 30 km, como não estávamos bem preparados para a Via Algarviana, foi sensato pararmos por hoje, por mim posso afirmar que cheguei a Monchique "feito em papas", continuar seria estupidez, e isso até posso ser, mas não me considero... Portanto "finito" por hoje, o Tiago tinha feito o sector da manhã e parte do anterior, também andou a brincar no asfalto com o António, tal como eu pouco preparado para estes voos, ficou connosco, mas a surpresa do dia. Foi mesmo o António, não acatou conselhos (e ainda bem) e fez-se a este sector com unhas e dentes, juntamente com os nossos totalistas, que apesar de bastante cansados, alguns quase tanto como eu, continuaram... E confesso-vos, se algum destes três CicloBeatos tivesse a ideia de desistir, eu tinha feito tudo para que fosse possível recupera-lo, colocava-o em cima da bicicleta, e mesmo, estando eu arrasado com o cansaço, era capaz de o rebocar, é que sem dúvida seria uma pena não fazerem todas as etapas da Via, ainda mais depois de tudo o que passaram até a este momento... Mas eles sabiam disso e com a grande serenidade de verdadeiros campeões fizeram-se à Via para atacar o sector 11.
Os quatro no ponto mais alto da Via Algarviana
Eram 16.34 horas quando saíram da nossa companhia, fazendo 29 minutos de descanso em Monchique, atravessaram esta vila e dirigiram-se para o caminho do convento, onde começaram a penosa subida que os haveria de levar ao alto da Fóia, mas ainda deu para terem um encontro imediato com um músico/profeta/sem-abrigo, local, que após algumas trocas de palavras ainda lhes tocou uma música, com certeza também estaria em estado Zen, tal como os nossos três amigos da etapa anterior, ainda pedalaram um pouco por dentro de um bosque existente a seguir ao convento, lamentavelmente em ruinas, por falar em ruínas... Em alguns locais voltou a constatar-se que a Via Algarviana, foi feita essencialmente a pensar nos caminhantes, pois voltamos a ter algum Pé BT, e com o percurso novamente a inclinar bastante, lá fomos subindo até chegar ao asfalto que nos levaria até à Fóia, ou perto do alto, pois cerca de 700 metros antes, desviamos por um single-track, não sem as fotos comprovativas de que os nossos quatro CicloBeatos estiveram na Fóia.
Pé BT perto do convento de Monchique

A cidade de Portimão

A curta entrada no asfalto



CicloBeatos na Fóia

Curioso que esta vertente norte da serra de Monchique se assemelha bastante, no relevo e vegetação ao arquipélago dos Açores, de certeza que têm influência estar exposta aos ventos marítimos, entretanto no single-track repleto de vegetação que serviu quase de massagem nas pernas, andavam os nossos quatro amigos, passaram também por umas portas feitas num cercado que serve certamente para a fauna local fazer as suas passagens de habitat para habitat, e regressaram ao asfalto, mas por muito pouco tempo, já que a seguir à pequena barragem, voltaram ao pó da estrada, onde para o cenário Açores ficar completo, não faltaram as vaquinhas (ou óbelhinhas do góógle), que atentamente seguiram o percurso dos nossos amigos.
Uma aguia solitária... ou seria um açor?

A verdejante vertente Norte da serra de Monchique

Single-track











Ó Viegas... Solta o Javali !!!



Novamente no asfalto... Mas por pouco tempo




As óbelhinhas do góógle



Têm a certeza que os outros CicloBeatos não vos seguiram !?



O grupo em pose, no que poderia ser confundido com a paisagem açoriana


A descer e depressa chegaram as enormes eólicas plantadas na serra, onde deu para tirar mais umas fotos ao pessoal, continuaram a descer e por entre várias florestas, passaram por Gralhos e continuaram a descer, pelos bosques, a maioria deles com bastantes eucaliptos, seguidamente subiram mais um pouquinho, e pela última vez no dia de hoje voltaram a descer bem rapidinho até à localidade de Marmelete, onde nós já estávamos há um "bom bocado", pois saímos directo de Monchique para ir ao encontro do Sr. Emanuel que estaria à nossa espera na Casa do Povo de Marmelete, que gentilmente nos cedeu as instalações através de contactos que mantive com a Presidente da Junta de Freguesia, a dona Marta Martins, e a encarregada pela casa do povo a dona Aldina, aos três deixo desde já aqui os meus agradecimentos.




Vista sobre o Autodromo do Algarve

Sem dúvida, são majestosas estas eólicas



O nosso alojamento em Marmelete









Entretanto e após termos generosamente contribuído com um donativo para a Casa do Povo local, também procedemos a divulgação de artigos da nossa região, deixando as Tortas de Azeitão e o Moscatel de Setúbal, enquanto isso chegaram os nossos quatro amigos pelas 19.15 horas, após 2.43 horas e a uma velocidade média de 6,2 km/h, sendo que em tempo real a pedalar foi feito em 1.58 horas, à velocidade média de 8,6 km/h, estavam todos com boa disposição, os nossos três amigos totalistas estavam frescos que nem umas alfaces, e o António, parecia que estava habituado todos os dias a fazer este acumulado de subidas... E esta hein!... E não é, que o rapaz me surpreendeu!
A chegada dos quatro magnificos a Marmelete




O lume já estava acesso e bem acesso, diga-se de passagem, pelos nossos amigos Nuno e Flávio, que foram vitimas da boa vontade dos outros CicloBeatos e todos lhes "pagavam mines fresquinhas", sardinhas na brasa e até eu que não aprecio lá muito este menu, bati o meu recorde de exemplares degustados, jantar bem regado, e seguidamente fomos ao café do nosso amigo Sr. José, pois já tínhamos travado conhecimento com o proprietário do café/restaurante, durante o acender do lume...




No café do Sr. José, aconteceu mais do que uma simples ida para tomar a bica, o que aconteceu naquela noite foi um verdadeiro intercâmbio de culturas, boa disposição e a cima de tudo, de saber estar em qualquer lugar, e respeito pelo próximo, valores a que os CicloBeatos nunca se desassociam, e tentam sempre promover e cultivar, por isso não somos só praticantes de BTT, somos os CicloBeatos.


CicloBeatos na companhia do Sr. José

Desta vez não foi diferente, oferecemos uma "teca" de sardinhas que sobrou do nosso jantar, e trocamos moscatel velho, por medronho... Muito Medronho! No final da noite até víamos uma "RAVE" de estrangeiros no meio dos montes (efeitos da água de Monchique de certeza), depois fomos para os nossos aposentos e dormimos que nem uns anjinhos (mas sem asas).

Acabada a "RAVE", toca a dormir...

...Mas antes dar o leitinho ao bébé

Concluímos mais um dia na Via Algarviana, o terceiro, o dia da montanha e da etapa rainha do nosso evento, estávamos todos muito cansados, mas felizes pois sabíamos que todos se tinham superado e que o dia de amanhã, seria apenas e quase de certeza um passeio, pior do que hoje não seria de certeza, portanto esta descompressão no final do dia com direito a alguns, mas poucos, excessos... Agora era tempo de dormir e descansar, para o dia da consagração, e a respectiva chegada ao Cabo de São Vicente.


Nos três sectores de hoje realizamos 74,67 km, em 11.07 horas (tempo total com paragens), subimos 2300 metros e descemos 2145 metros.