domingo, 19 de agosto de 2012

CHAFARIZES E FONTES DE AZEITÃO



Este domingo, devido ao tempo muito quente e seco, nada mais a propósito do que uma volta pelos chafarizes, fontes e locais de águas, na região de Azeitão, compareceram no local três sequiosos CicloBeatos, o Hipólito, o Fernando e o Renato, para uma volta com cerca de 23 km e com 375 metros de acumulado em subidas, ou seja uma volta digna de verão e de tempo de relaxe como se pede, e se quer neste mês mais propicio a descanso, do que a grandes "durezas", para o próximo mês o (bicho vai pegar, e a parada vai subir).

Alguém trouxe algo mais do que os calções de "Lycra"...


VOLTA DOS CHAFARIZES FONTES E AFINS...

Em Vendas de Azeitão existem três chafarizes, Um junto à Rua 25 de Abril , na estrada que vai para Vila Fresca e os restantes na Rua Miguel Bombarda, a via que atravessa a povoação a caminho da Ermida da Nossa Senhora das Necessidades. 


CHAFARIZ DE CIMA 

O “Chafariz de Cima” , fazendo gaveto com a Rua do Poço, está estruturado num muro limitado por dois cunhais, em cantaria, rematados por pirâmides rectangulares terminadas em pinha. O tanque rectangular acompanha a frontaria entre cunhais. É muito antigo, apresentando bastante desgaste pelo uso intensivo. A duas bicas eram alimentadas pelo Poço do Bico, que lhe fica a montante junto à Ermida supra referida. No presente recebe água da rede pública. Na lateral esquerda um amplo pio para animais recebe o líquido de uma outra nascente, tendo fluxo contínuo. Fonte e pio são desprovidos de qualquer adorno digno de nota. Contudo, foram muito importantes para o abastecimento da população. Presume-se que tenha sido mandado fazer por Machado de Faria. 

O “Chafariz de Baixo”, foi mandado construir quando ainda existia a Câmara de Azeitão, mas no período de transição da sede de Vila Fresca para Vila Nogueira. É estruturado numa parede em cantaria limitado por uma moldura do mesmo material e rematado por um frontão triangular que se desenvolve em dois frisos paralelos. Tem um pequeno pio e duas bicas. É abastecido pela rede pública.


FONTE DA RUA MIGUEL BOMBARDA

Designação/Nome: Fonte da Rua Miguel Bombarda 
Onde se pode encontrar: Rua Miguel Bombarda 
Freguesia: São Simão




CHAFARIZ DE VENDAS DE AZEITÃO

Designação/Nome: Chafariz de Venda de Azeitão 
Onde se pode encontrar: Largo do Chafariz, Vendas de Azeitão 
Freguesia: São Simão 






RIO  DE  SÃO  SIMÃO

"A determinação administrativa mais antiga que se conheçe no que concerne à regulamentação de distribuição de recursos hídricos da região de Azeitão, diz respeito à nascente conhecida como a do Rio de São Simão, situada a montante de Vila Fresca de Azeitão, em terreno baldio, indevidamente usurpados, junto à “Azinhaga de Mata Burros”, entre a “Vinha do Rio” e a “Serra do Parreira”."

"Ainda sobre o "Rio de São Simão", diz-nos o ilustre Azeitonense, António de Oliveira Parreira : "(...) as freguesias são delimitadas por um ribeiro, que correndo da Fonte do Pereiro aflui na corrente do rio de São Simão, e as suas águas vão depois afluir no Coina. Estes ribeiros, no Verão, secam completamente, porque as águas das suas nascentes são aplicadas às regas dos pomares que circundam Vila Fresca. A distribuição das águas do rio de São Simão acha-se determinada em escrituras antiquíssimas , sem que se encontre a escritura primordial pela qual foi estabelecida ... "




CHAFARIZ DE VILA FRESCA DE AZEITÃO 


Designação/Nome: Chafariz de Vila Fresca de Azeitão 
Onde se pode encontrar: Rua Almirante Reis, Vila 
Fresca de Azeitão 
Freguesia: São Simão


O Chafariz de Vila Fresca é uma obra anterior ao exercício do poder municipal de Machado de Faria, mas do seu consulado deverá ter recebido alguns importantes benefícios. Segundo a tradição oral e os indícios documentais, estará implantado no local onde existia a fonte da Ermida de São Simão. 

É uma fonte de porte simples, mas harmonioso. Estrutura-se numa parede alta, de perfil superior recortado, limitada por duas pilastras, em cantaria das quais parte um frontão triangular, encurvado, debruado a cantaria, no topo do qual se forma uma cimalha rematada por uma urna rectangular . 

O tanque ou bacia do chafariz, talhado em cantaria, é de bordos redondos. O corpo bojudo, de oito gomos, forma um amplo círculo abatido, cujas extremidades se vêm incrustar no espaldar, junto às pilastras. Para o tanque correm duas bicas, saídas da boca de carrancas coroadas e, igualmente, esculpidas em cantaria. 

A soleira formando amplo patamar rectangular, com um degrau, é forrada por lajes de mármore e de cantaria , algumas delas, lápides com inscrições tumulares, originárias do antigo pavimento removido da igreja de São Simão. 

Tanque e carrancas aparentam muito mais antiguidade do que o restante conjunto. O mesmo se passa quanto ao pavimento que, como é natural, para além do desgaste do uso, são lajes tumulares do século XVI, que deveriam ter merecido melhor destino ... A alguns metros do chafariz há um grande bebedouro para animais, que era, também, abastecido pelas águas do Rio de São Simão, sendo o excedente canalizado para rega da quinta que lhe fica a jusante.


Tanque dos "Peixinhos" ou bebedouro de animais...

Chafariz do Largo 25 de Abril



CHAFARIZ DO JARDIM 

O segundo chafariz de Vila Fresca de Azeitão é muito modesto, está estruturado num parede simples, em alvenaria . O pio é estreito em forma de urna. Tem só uma bica que é abastecida pela rede pública. É datado de 1928 e tem as iniciais da Câmara Municipal de Setúbal. Junto a este fontanário encontra-se o monumento de homenagem ao distinto médico Dr. Oliveira Teixeira.





“LAGO DO CAPATAZ” 

(Quinta Nova) 

Nos terrenos da Quinta Nova, junto da povoação de Castanhos, existe um enorme tanque circular com cerca de trinta e cinco metros de diâmetro. Este tanque, com mais de três metros de profundidade, totalmente escavados no terreno, é estruturado em alvenaria, rasando o bordo superior o nível do terreno. 

Este tanque de rega, conhecido pelo “tanque do capataz” está desactivado há alguns anos, quer por falta de abastecimento, quer por incúria dos homens, ao ponto de lhe causaram irreparáveis deficiências de segurança e impermeabilidade. 

A alimentação deste tanque era efectuada por um caudal contínuo, resultante da confluência das águas de nascentes e poços da Quinta Nova, que lhe afluíam através das respectivas “minas”. Estas, interligadas a uma rede de canais escavados na rocha que, por meio de um sistema de vasos comunicantes, em plano inclinado, faziam o abastecimento do reservatório, sem necessidade da intervenção humana. O excedente, era posteriormente canalizado para outro grande tanque, rectangular, situado - em plano inferior - do outro lado da estrada nacional. Este último, servia para a rega do importante pomar de laranjas e tangerinas que foi totalmente abandonado. Durante algumas gerações, foram estes tanques as “piscinas” da rapaziada de Vila Fresca e Castanhos ...

Chafariz de Castanhos


FONTE DO PEREIRO 

A nascente da fonte do Pereiro, a montante do lugar de Castanhos, é a única na região que tem fluxo contínuo, mesmo no Verão, contudo, ultimamente não tem sido aproveitado, razão pela qual se vai perdendo o caudal vala abaixo, ou quando transvazando pela invernia, inundando o caminho que o margina, tornando-o intransitável. Em tempos, através de um sistema de minas e canais cavados na rocha, abastecia os tanques das quintas do Bom Pastor e da Má-Partilha, sendo posteriormente encaminhado para rega dos respectivos pomares, aliás já extintos. Até há poucos anos, abastecia o Fontanário de Castanhos, deixando de o fazer após este ter sido ligado à rede pública. 



Recorde-se o que António de Oliveira Parreira escreveu : 

- “(...) As freguesias (São Simão e São Lourenço) são delimitadas por um ribeiro, que correndo da Fonte do Pereiro aflui na corrente do rio de São Simão, e as suas águas vão depois afluir ao Coina”. No presente tal já não acontece.




Na aldeia rica no trilho das silvas...

... que por sinal está bastante transitável.





FONTE DA ALDEIA RICA 

Designação/Nome: Fonte de Oleiros 
Onde se pode encontrar: Rua do Fisco, Aldeia Rica 
Freguesia: São Lourenço 

À saída de Vila Nogueira de Azeitão, na estrada que conduz a Sesimbra, encontra-se de notável, o terceiro chafariz mandado fazer pelo juiz Agostinho Machado de Faria, datado do século XVI. Decorado por um painel maneirista, com oito figuras em baixo-relevo, esculpidas em mármore de Estremoz. O conjunto esculpido tem como elementos figurativos medalhões, pombas, anjos e cordeiros, que tanto podem simbolizar Cristo como São João Baptista, bem como, ainda elementos de adoração pagã.

Segundo José Cortez Pimentel este baixo-relevo fazia parte de um conjunto de três painéis e pertenciam à tribuna que os duques de Aveiro tinham na igreja dominicana, que comunicava diretamente com a ala sul do paço ducal.

Do conjunto dos três painéis, um dos quais se encontra na Quinta da Aiana de Baixo, entre Alfarim e a lagoa de Albufeira (Sesimbra), enquanto o outro estava sobre o portão de entrada da Quinta da Arca d’ Água, em Alferrara, donde foi vendida para um antiquário, passando depois para a Coleção particular do Banqueiro Jorge de Brito.



A Fonte de Aldeia Rica, deslocada, em 1994, por motivos de segurança rodoviária para a outra lado da estrada e alguns metros mais acima, tem um primoroso baixo-relevo figurativo, em mármore de Estremoz, cuja simbologia e origem, reputados historiadores, não têm conseguido fundamentar de forma a se estabelecer alguma concordância. 


O conjunto esculpido tem como elementos figurativos medalhões, pombas. anjos e cordeiros, que tanto podem simbolizar o Santíssimo como São João Baptista, como ainda elementos de adoração pagã.






FONTE DE OLEIROS

Designação/Nome: Fonte de Oleiros 
Onde se pode encontrar: Estrada Nacional 379, Oleiros 
Freguesia: São Lourenço 

A Fonte de Oleiros foi a segunda que mandou fazer o juiz Agostinho Machado de Faria. Tem a particularidade de ser decorada com azulejos policromos da segunda metade do século XVIII, 
representando duas “figuras de convite”, e envergando fardamento militar, adotado após a reorganização do exército português feita pelo Conde de Lippe (1762). 
É de notar que o Conde de Lippe, regressando a Portugal, lança um programa de exercícios militares em 
diferentes pontos do território. Destes, uns foram realizados precisamente na região de Azeitão, com a presença de D. José. 

No cimo da fonte esteve bem patente um busto, que segundo alguns autores poderá ser uma peça 
proveniente do Paço dos Duques de Aveiro, embora tenha sido identificado, tradicionalmente, com um 
retrato da Maria da Fonte.










CHAFARIZ DA ALDEIA DE IRMÃOS

*Até ao momento do encerramento desta crónica não foi encontrado qualquer dado histórico sobre este chafariz, caso algum leitor o obtiver e esteja interessado em partilhar, agradecemos a disponibilidade.





POÇO  DE  ALDEIA  DE  IRMÃOS

    Este poço para abastecimento público foi construído - tendo em conta a data nele inscrita - em 1888, com a finalidade de abastecer a população local que até então utilizava a Fonte Santa, um pouco distante, e, entretanto, demolida por ocasião de obras viárias no local onde estava implantada. 

Este poço, um pouco de construção singular, encontra-se junto à capela de São Sebastião e está actualmente inactivo, não só pela proximidade de um chafariz público, mais recente, com água da rede, como pela completa cobertura de rede pública na localidade. 

Em tempos teve um anexo onde se guardavam os utensílios e ferramentas necessárias à sua limpeza e conservação. (junto a este existiu também uma pequena habitação para acolhimento do responsável pela conservação da Capela de São Sebastião) 

A água era obtida através de “mergulho” de um recipiente içado através de uma roldana instalada numa tripeça em ferro. Um poial junto à base fazia ligação a um pequeno pio, rectangular e baixo, de um só bloco de cantaria, que servia para dar água aos animais. 

Um passeio em calçada rodeia o semicírculo da parede do poço, fazendo degraus radiais, em plano inclinado, dado o desnivelamento do piso. 

Actualmente o poço apresenta-se bem conservado tendo em relação ao passado sofrido algumas modificações de pormenor.




Este local também deveria ser Chafariz, já serviu para lavar "bikes" enlameadas.
Atalha-mos pelo Alambre, na direcção da aldeia da Piedade




Chafariz da aldeia da Portela, que já nos têm sido muito útil, nomeadamente no verão.

ALDEIA DE PORTELA

É uma aldeia muito pequena , constituída por cerca de quinze famílias. Ninguém sabe quem primeiro construiu a primeira casa naquele sítio, mas vem-lhe o nome do facto de estar no cume da elevação e de ai - nessa portela - passar a estrada para o Parral e para El Carmem .

O mesmo extracto da carta de Dom Pedro I , transcrito quando se fala da Aldeia de Oleiros, cita também as portelas. Desconheço, se na altura, isto é, em 1366, já estaria povoado o"cume da serra das portelas" , da qual fala o citado documento.

Um pequeno texto sobre esta aldeia (71) dá-nos uma uma graciosa panorâmica : "(...) Se, por estar no alto, o vento nem sempre é bom, é, sem dúvida, boa a paisagem. Para Norte são os pinhais que parece chegarem a Lisboa, lá no fim do horizonte. Para o Sul e poente é essa planura, qual arena, onde tanta gente luta pela vida, rodeada das bancadas da serra donde a vegetação tudo conserva . "

Ao longe e na zona do Oceano podia-se avistar uma larga mancha de nevoeiro...

...que nos fez recordar uma onda gigante.

Chafariz e Poço da Aldeia da Piedade




PORTOS E PORTELAS

Estas palavras têm a sua origem no verbo latino “portare” que quer dizer levar e transportar.

Na área de Azeitão há diversos locais assim denominados, entre os quais recordamos os seguintes: Porto dos Cavaleiros, junto à Quinta do Conde ; Porto das Laranjeiras, junto a Aldeia Grande ; o Porto da Vila, o Porto Velho e o Porto de Cambras, junto a Coina-a-Velha. Há, ainda a Aldeia da Portela e a Portela da Sardinha, a Portela da Cruz a Portela do Moinho do Cuco e a Portela da Fonte do Sol.

A este respeito, em “Azeitão A Nossa Terra” - o Pároco de São Simão e São Lourenço, Padre Manuel Frango de Sousa, escreve o seguinte : “(...) Porque há quem pense que “porto” é o lugar onde chegam barcos de há muito, em Azeitão, corre a fantasia de que ao porto da vila chegavam antigamente as fragatas que aportavam ultimamente a Coina-a-Nova. E desta fantasia se fez eco, já em 1736, o Padre Isidoro Menacho, à altura pároco de São Lourenço, num artigo para o que viria a ser o Dicionário Geográfico ... “


















O nosso já velho conhecido, Porto de Cambras




FONTE DO CONCELHO


Designação/Nome: Fonte do Concelho 
Onde se pode encontrar: Largo 5 de Outubro, Vila Nogueira de Azeitão 
Freguesia: São Lourenço

A Fonte do Concelho localizava-se junto ao “Palácio do Salinas, atualmente designado por “Casa do Povo de Azeitão”. Esta fonte exibe o escudo português e que outrora fazia parte do paço de D. Constança.







CHAFARIZ DOS PASMADOS (FONTANÁRIO EM VILA NOGUEIRA DE AZEITÃO) 


Designação/Nome: Chafariz dos  Pasmados ( Fontanário em 
Vila Nogueira de Azeitão) 
Onde se pode encontrar: Rua José Augusto Coelho, Vila Nogueira 
de Azeitão  
Freguesia: São Lourenço



Trata-se de uma obra característica do barroco final, do século XVIII, com influência das obras de Carlos Mardel, em Lisboa, é composto por uma estrutura tripartida, definida verticalmente por duas pilastras estriadas centrais e duas laterais, é rematado com recurso a um frontão interrompido com volutas, num jogo de formas contracurvas animado pela alternância de quatro fogaréus no remate das pilastras. Sob o tanque em mármore rosa e delineado em forma convexa, é esculpida uma moldura de linhas retas e côncavas que enquadra uma jarra de flores, criando-se assim um diálogo de formas tipicamente barroco. É ainda de destacar, ao centro, o escudo de armas de D. José. 

É pela sua dimensão e elementos decorativos o mais nobre dos chafarizes mandados construir pelo juiz de Fora Agostinho Machado de Faria. Encontra-se desde 29 de setembro de 1977, classificado como Imóvel de Interesse Municipal (IIM).






Chafariz da Rotunda dos Picheleiros, JMF.


Excertos retirados das páginas de internet, Águas do Sado (http://www.aguasdosado.pt), Azeitão a Nossa Terra (http://www.gabitogrupos.com/AZEITAOPATRIMONIOEHISTORIA), e Azeitão.Net ( http://www.azeitao.net/ ), não deixem de visitar estes locais, especialmente o segundo aqui referido, pois contém documentos do mais alto interesse histórico e cultural da nossa região.

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