domingo, 3 de novembro de 2013

AOS MEDRONHOS


O nosso medronheiro

Uma alegria contagiante percorreu-nos a alma. Ali estava ele o “nosso” medronheiro, uma pequena árvore semelhante a um arbusto com cerca de 2 metros de altura, ostentando uma copa oval segura pelos seu ramos grossos, suportada por um troco delgado com uma casca pardo-acinzentada/avermelhada, mas já muito gretado e escamoso.

Exibia orgulhosamente os seus frutos globosos; granulosos e eriçados, apresentando a sua cor avermelhava (já maduros), apelando a serem colhidos e degustados. Até o medronheiro ficou feliz com a nossa presença, visto ter passado tantos anos privado da nossa presença. Acho até que os seus frutos exalaram um cheiro mais intenso e as suas folhas brilharam com mais intensidade!

Maravilhámo-nos com aquela visão, mas não nos fizemos rogados e iniciamos a colheita e a degustação deste fruto que se come prazeirosamente No entanto este fruto apresenta um teor alcoólico considerável, pelo que convém não abusar!

O medronheiro para quem desconhece, floresce entre o Outono ou nos princípios do Inverno. A maturação dos frutos ocorre no Outono do ano procedente. É nesta época, devido ao facto de a floração e a maturação dos frutos do ano anterior ser simultânea, que o medronheiro se cobre de uma "veste" colorida de grande beleza. Nas suas cores podemos encontrar o verde brilhante das folhas, o branco das flores e os frutos que são inicialmente amarelos, tornando-se vermelhos com a sua maturação.

Quem se quiser aventurar, pode sempre deslocar-se nesta época às aldeias e perguntar onde existem medronheiros que alguém os saberá informar. Felizmente Portugal é rico neste fruto, podendo ser encontrado em várias serras nacionais. Parta à aventura como nós o fizemos, descubra o medronheiro e delicie-se com este fruto …


Deixo aqui algumas informações sobre o medronheiro e as suas variadas utilizações, espero que seja útil …


MEDRONHEIROS E MEDRONHOS

TAXONOMIA
O medronheiro (Arbutus unedo L.) pertence à família das Ericaceas, partilhando-a com as urzes (Erica sp.).

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS
É um arbusto ou uma árvore de pequena dimensão. Pode atingir os 8 a 10 m de altura ainda que usualmente não ultrapasse os 5 m.
O tronco possui um ritidoma (casca) pardo-avermelhada ou pardo-acinzentada, delgada, gretada, muito escamosa, caduca em pequenas placas nos exemplares mais velhos.
A sua copa tem uma forma oval com ramos grossos.
As folhas são persistentes (existem folhas na copa durante todo o ano), grandes (medem 4 a 11 cm), com pecíolo curto, alternadas, coriáceas, glabras, lustrosas e verde-escuras na página superior e mais claras na página inferior, serrilhadas ou subinteiras. São muito parecidas com as do loureiro.


As flores são pequenas, com um cálice curto e corola gamopetala, urceolada, esverdeadas, reunidas em cachos (ramalhetes) compostos, terminais e pendentes. Debaixo do ovário, encontramos 10 estames inseridos num disco.
Os frutos são baciformes, globosos, granulosos ou eriçados na superfície, medem entre 20 a 25 mm, de cor avermelhada quando maduros, com sementes pequenas, angulares e de cor castanha.
Tal como anteriormente referi, floresce no Outono ou no princípio do Inverno. A maturação dos frutos ocorre no Outono do ano procedente. É nesta época, devido ao facto de a floração e a maturação dos frutos do ano anterior ser simultânea, que o medronheiro se cobre de uma "veste" colorida de grande beleza. Nas suas cores podemos encontrar o verde brilhante das folhas, o branco das flores e os frutos que são inicialmente amarelos, tornando-se vermelhos com a sua maturação.


DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Distribui-se por uma vasta área na bacia mediterrânica, excepto na orla costeira do Sudoeste de Espanha e na área que vai desde Tunis até ao Sul da Turquia. A sua área de distribuição inclui também todo o território de Portugal continental, o Norte de Espanha, as regiões das Landes e da Bretanha em França e a zona ocidental da Irlanda.
No nosso país, as maiores manchas situam-se nas Serras de Monchique e do Caldeirão.

CONDIÇÕES AMBIENTAIS
É uma espécie que aparece consociada às Quercíneas, particularmente ao sobreiro e à azinheira, ocorrendo nos montados e em zonas de matos resultantes da sua degradação. Crescem tanto em solos ácidos como alcalinos mas preferem que sejam profundos e frescos. Aparecem até aos 1200 m de altitude. O seu clima favorito é suave e sem geadas fortes.

UTILIZAÇÕES
O medronheiro é explorado, sobretudo nas Serras de Monchique e do Caldeirão, para a produção de aguardente. Esta é chamada de "aguardente de medronho", um produto regional sempre apresentado com brio no cabaz dos produtos regionais do Algarve. A sua cultura esteve parada durante várias décadas, tendo ressurgido com o aumento da rendibilidade da actividade de produção desta aguardente. Para tal facto contribuiu a utilização de máquinas como as escavadoras (buldozers) que permitiram cortar os medronheiros pela sua base o que estimula a rebentação pela cepa (zona do caule junto ao solo que "sobrevive" ao corte). O pico de produção verifica-se no 3º ano da planta, mantendo-se a níveis economicamente viáveis durante mais 5 a 8 anos. Ao fim de 15-20 anos, torna-se necessário removê-los para que sejam substituídos. Esta remoção, realizada nos moldes acima explicados, ainda que seja rápida e pouco onerosa provoca o arrastamento das camadas superficiais do solo com a sua consequente maior susceptibilidade aos agentes erosivos.
O fruto é comestível e com ele pode-se preparar uma aguardente de excelente qualidade (aguardente de medronho). As folhas são usadas na medicina popular pelas suas propriedades diuréticas e anti-sépticas. As folhas e a casca são muito ricas em taninos e eram usadas para curtir peles. A sua madeira é apreciada para fabricar carvão vegetal.

Esta espécie aparece, normalmente, com porte arbustivo, podendo no entanto, com a idade e quando as condições ecológicas são favoráveis, aparecer como pequena árvore.
A produção do medronheiro é, apesar de tudo, bastante irregular dado que está dependente de dois factores aleatórios, alheios a qualquer medida de gestão: as geadas e a existência de anos de safra e contra-safra (grande produção de fruto e baixa produção de fruto em anos sucessivos). Os medronhos (frutos) são destilados em alambique, sendo necessários 15 kg para produzir 15 l de aguardente.
As folhas e casca do medronheiro contêm taninos que são utilizados para curtir as peles e, na medicina popular, para curar as diarreias, as desinterias e as infecções urinárias.
A sua madeira constitui um excelente combustível sendo também boa para tornear.


CURIOSIDADES
Qual a origem das designações do género Arbutus? E do epíteto específico unedo ?
São ambas antigas denominações romanas nas quais Lineu se baseou para atribuir este nome à planta. O primeiro é o diminuitivo de arbor e significa arbusto. Alguns autores discordam e afirmam que a origem etimológica encontra-se no termo celta, arbois que significa áspero, rude, aludindo aos seus frutos.
A resposta à segunda pergunta pode ser encontrada no facto de os seus frutos, ainda que comestíveis, possuírem um sabor desagradável (quando verdes). Unedo significa "um e mais nenhum" e foi adoptado para esta espécie de modo a avisar os mais temerários que o desejem provar, de que não gostarão de repetir a experiência uma segunda vez.
Os medronhos são também famosos pela capacidade de provocar embriaguez e dor de cabeça a quem consome muitos, uma vez que quando maduros, possuem uma certa quantidade de álcool.


Atenção: Os medronhos são também famosos pela capacidade de provocar embriaguez e dor de cabeça a quem consome muitos, uma vez que quando maduros, possuem uma certa quantidade de álcool.

Imagem de arquivo dos CicloBeatos, em Marmelete com o Medronho na mão

Curiosidades:
Aguardente do Medronho:
A aguardente de medronho (medronheira) é produzida a partir dos frutos com o mesmo nome (medronho) que se cultivam nas serranias do Algarve. Pode dizer-se que é uma bebida regional. No entanto também se produz noutras zonas do país, embora em menos quantidade.

A produção
A fruta é fermentada em tanques de madeira ou barro. Actualmente a fermentação também se faz em depósitos de cimento, mas só em destilarias de significativa dimensão. A fermentação é natural e dura entre trinta a sessenta dias. Os tanques devem ser cobertos com frutos esmagados para evitar o contacto com o ar. É necessário adicionar uma parte de água para cinco partes de fruta. Depois de fermentado o produto deve ser guardado durante sessenta dias e bem protegido do ar. Hoje em dia existem destilarias semi-industriais. No entanto, a melhor aguardente é aquela que é produzida por destilação descontínua (fogo directo).
Uma boa aguardente de medronho é transparente, com o cheiro e o gosto da fruta.
Nas montanhas, uma boa aguardente deve ter 50º.
No entanto a sua comercialização faz-se entre os 40º e 50º.

Envelhecimento
A qualidade da aguardente aumenta quando esta é amadurecida/envelhecida em barris durante oito anos. Este período de envelhecimento não deverá ser prolongado por mais tempo pois não terá qualquer efeito na qualidade da aguardente.
O medronho bebe-se, normalmente, com o café. Os puristas consideram que deve ser bebido à temperatura ambiente, embora algumas pessoas prefiram bebê-lo frio.
O famoso licor algarvio Brandymel é feito com medronho.

Uma lenda...

HISTÓRIA DO PEDIDO QUE O DIABO FEZ A DEUS

O Diabo julgava-se inteligente e andava sempre à espreita para ver se apanhava alguém distraído para pregar as suas partidas.
Um dia ele, pensando que Deus estivesse distraído, fez o seguinte pedido:
- Ó Senhor, vós que possuis tantas árvores oferecei-me duas, o medronheiro e a laranjeira.
O Senhor disse-lhe:
- Pede as árvores quando não tiver flor nem fruto.
Mas a laranjeira e o medronheiro têm sempre flor ou fruto, se calhar até as duas coisas ao mesmo tempo. Por causa disso, o Diabo nunca mais pode voltar a falar nessas duas árvores.


Licor de medronho

Medronhos apanhados, lavadinhos e prontos para o preparado.

É necessário 1 litro de álcool para licor
1 kilo de medronhos
1 kilo de açúcar (normalmente o açúcar amarelo)

Há várias maneiras de preparar o licor,
1.º Mistura-se o álcool e os medronhos
2.º Um mês depois acrescenta-se 1,5 kg de açúcar amarelo
3.º Aguarda-se mais um mês filtra-se o licor retirando-se os medronhos.
4.º Deixa-se apurar mais dois meses e pode saborear.

Fontes:
naturlink.sapo.pt
rio-dao.de
joaogomesalvador.blogspot.pt































Em relação a volta de hoje posso adiantar-vos que começou com cinco e acabou com três participantes, a meio do percurso o Flávio teve uma ligeira indisposição e resolveu regressar a casa, acompanhado pelo Mário. Os restantes CicloBeatos, o Hipólito. o Fernando e o Renato, continuaram a volta e a apanha dos anteriormente mencionados frutos da época.
O percurso de hoje estendeu-se por 37 km, essencialmente percorrido nas serras de Azeitão, num alegre "corro pio" de sobe desce pelas colinas da região e que nos conduzio, por um acumulado de 705 metros em subidas, realizados em 3 horas e 10 minutos. Estivemos apenas 30 minutos parados, grande parte deste tempo para a apanha e degustação de medronhos.
Para a semana haverão mais... Medronhos... Pois ainda devem estar bem mais maduros.

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